Eu perdoo

 In essays, self-improvement

Eu perdoo.

Perdoo a quem me apunhalou pelas costas, perdoo a quem me traiu. Perdoo a quem me ultrajou, perdoo a quem me bateu, perdoo aos desaforados. Perdoo o passado, perdoo os rancores. Perdoo a quem teve que ir sem nem dizer adeus.

 

Eu me perdoo.

Quando a dor ergueu minha mão para apunhalar de volta alguém pelas costas. Quando minha voz traiu ao entoar segredos alheios. Quando ultrajei alguém por me sentir ultrajada; quando agredi por ser agredida; quando lancei desaforos para compensar os que ouvi. Eu me perdoo por ter deixado o passado tornar-se rancor, mágoa e medo. Por ir, voltar e ir de novo, sem nem precisar dizer adeus.

 

O que perdoo,

Não deixo perdurar. Não deixo ficar pendurado. Deixo perecer em seu tempo, e não no meu que carrega tanto peso no peito. Desprendo uma âncora que não me atraca em porto seguro, e sim me ata à minha própria sombra. À escuridão em que não quis entrar por tamanha pungência, mas que pulsa sem parar. No que perdoo, permito a sombra vir à tona contrastar com a luz. O pulso vira pulsão. O peso vira pomba.

 

Quando perdoo,

Não perco. Ganho. Ganho consciência sobre meus erros, compaixão sobre os dos outros. Ganho amor pelos meus defeitos, pelas imperfeições do mundo. Ganho o amor de quem amo e a chance de ser perdoada.

 

Quando perdoo,

Não me perco. Encontro-me comigo mesma. Completo-me ao compreender a humanidade de minhas sombras. Tomo em mãos o poder de decidir o que fazer com elas e de escolher o caminho da plenitude. Eu sou este ser humano que (se) perde, magoa, dói, doa, perdoa, – magia – ama.

 

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Comments
  • Perla
    Reply

    Forte!

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