Projeto de pós-doc “Tons de Machete: restituição de toques de viola machete tocados por João de Deus”
Nicinha do Samba, Caio Csermak, Mestre Aurino de Maracangalha (tocando machete) e Mário Lamparellli. Maracangalha, Setembro de 2019. ©Nina Graeff
O projeto disponibiliza vídeos da década de 1980, em Santo Amaro da Purificação, que mostram João da Viola tocando cinco tons de machete – técnicas de execução da pequena viola machete –, em sua grande parte extintos da prática atual do samba de roda. O material foi registrado por Tiago de Oliveira Pinto durante suas pesquisas no Reconcâvo da Bahia entre 1982 e 1988, poucos anos antes do falecimento de João da Viola, que na época já passava dos 70 anos de idade. O registro, feito em colaboração com Max Peter Baumann, foi configurado de maneira a beneficiar a escuta e a observação da viola machete, acompanhada de pandeiro e atabaque, facilitando, assim, a possibilidade de sua aprendizagem direta. O projeto teve como principal objetivo a recuperação da prática dos cinco tons de machete registrados, isto é, sua aprendizagem principalmente por parte dos sambadores da região, mas também por demais músicos interessados no instrumento e no samba de roda.
Link para demais informações e vídeos do projeto editados para aprendizagem autodidática.
Pesquisa de mestrado sobre o Samba de Roda do Recôncavo da Bahia
A dissertação de mestrado em alemão “Princípios Gerais e Rítmicos do Samba de Roda do Recôncavo Baiano” investigou uma das mais antigas tradições afro-brasileiras, o samba de roda do Recôncavo da Bahia, que foi proclamado “Patrimônio Cultural Oral e Intangível da Humanidade” pela UNESCO em 2005. Baseia-se em duas viagens etnográficas de trabalho de campo em 2010 e em análise musical sistemática. Enquanto dedica um subcapítulo para análise de dança, enfoca a análise musical e especialmente rítmica de gravações audiovisuais de samba de diferentes fontes e épocas. Para tanto, traz à tona teorias e métodos analíticos para o estudo da música africana ainda pouco difundidos na pesquisa musical afro-brasileira. Estes permitem uma compreensão mais ampla das características típicas do samba de roda e dos diferentes estilos, de algumas mudanças evidentes dentro do contexto da indicação e de suas semelhanças com o samba carioca do início do século XX, cujas origens s próprios sambistas atribuem à Bahia.
Surgindo em um momento importante no Brasil, em que culturas marginalizadas começaram a receber apreciação política e pública, este estudo contribui para o reconhecimento acadêmico de uma rica prática musical e de dança que está no coração dos baianos e que é o coração de muitas tradições afro-brasileiras.
Parlavras-chave: Música Afro-Brasileira, samba de roda, Patrimônio Cultural Imaterial, dança, análise rítmica.
Departmento: Cátedra Transcultural Music Studies, Universidade de Música Franz Liszt Weimar & Friedrich Schiller University Jena
Orientadores: Tiago de Oliveira Pinto e Gerhard Kubik
Submissão: Agosto de 2011
Nota: Muito bom com distinção
Publicações
- GRAEFF, Nina. 2012. „Reflexos da nomeação do samba de roda como Obra-Prima da Humanidade pela UNESCO sobre a cultura do Recôncavo Baiano”, in: Musics and knowledge in Transit / Músicas e saberes em trânsito / Músicas y saberes en tránsito, ed. by Susana Moreno Fernández, Pedro Roxo e Iván Iglesias. Lisboa: Colibri. n.n.
- GRAEFF, Nina; PINTO, Tiago de Oliveira. 2012. „Música entre materialidade e imaterialidade: os tons-de-machete do Recôncavo Baiano / Music between Tangibility and Intangibility: the tons-de-machete from Recôncavo Bahiano”, in:Revista MOUSEION11/1 (Jan-Apr. 2012). Link
- GRAEFF, Nina. 2013. „Samba de Roda: comemorando identidades afro-brasileiras”, in: Artelogie 4, (Jan. 2013). Link
- GRAEFF, Nina. 2013. “Experiencing Music and Intangible Cultural Heritage: Some Thoughts on Safeguarding Music’s Intangible Dimension”, In: El oído pensante 2 (Aug. 2013). Link
- GRAEFF, Nina. 2014. “Fundamentos rítmicos africanos para a pesquisa da música afro-brasileira: o exemplo do Samba de Roda”. Música e Cultura 9 (2014). Link
- GRAEFF, Nina. 2015. „Afro-brasilianische Götter in Deutschland? Immaterielles Kulturerbe weitergeben“, Deutsche UNESCO Kommission. Link
- GRAEFF, Nina. 2015. Os ritmos da roda. Tradição e transformação no samba de roda. Salvador: EDUFBA. Link
- GRAEFF, Nina. 2016. “Samba de Roda as Heritage: From samba in the living room to ‘Masterpiece of Humanity”, in: Die Tonkunst 10/4 (Oct. 2016).
- GRAEFF, Nina. 2018. „Rhythmische Strukturen des Samba de Roda aus dem Recôncavo Baiano, Brasilien“, in: Berichte aus dem ICTM-Nationalkomitee Deutschland2011 vol. XX-XXI, edited by Dorit Klebe and Klaus Näumann. Aachen: Shaker Verlag. 91–104.
- CSERMAK, Caio; GRAEFF, Nina. 2018.“O mesmo samba”: a profissionalização dos sambas de Cachoeira e sua reificação em grupos de samba de roda”, In: Revista Pontos de Interrogação 8/2. 27–50. Link
Livro “Os Ritmos da Roda”
A dissertação de mestrado foi traduzida e ampliada no livro “Os Ritmos da Roda – Tradição e Transformação no Samba de Roda” publicado em 2015 pela EDUFBA.
Texto da contracapa: Os ritmos da roda é uma obra que interessa a estudiosos e amantes da música brasileira, por abordar uma tradição de música e dança das mais antigas de nosso país, que influenciou gêneros musicais como o samba de partido alto do Rio de Janeiro. Para tanto, apresenta teorias e ferramentas para a análise da música de matriz africana — especialmente de seus aspectos rítmicos — pouco difundidas no Brasil. Se inscrevendo em um momento importante no Brasil, em que culturas marginalizadas como o samba de roda passaram a ser reconhecidas como patrimônio cultural, este estudo contribui em nível acadêmico para o reconhecimento dessa arte que é razão de viver de muitos baianos.
Salvador, EDUFBA, 2015.
ISBN: 978-85-232-1437-1
Site da editora: http://www.edufba.ufba.br/contato/
Link para download do livro em PDF
I am text block. Click edit button to change this text. Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo.