Ser gênio em um mundo de Aladins

 In essays, Selbsthilfe

Você é um gênio: ótimo. A sociedade lhe agradece por proporcionar tanta genialidade, tanta inspiração, tantos problemas que sem você não seriam solucionados. Você não é um gênio: que pena. Fica esperando aparecer uma lâmpada mágica que lhe salve de sua falta de inspiração e de soluções para os seus problemas. Ou você é sim um gênio, mas aguarda o destino lhe trazer dinheiro, tempo, ou o momento certo para realizar sua genialidade: que preguiça.

Tanta gente ordinária pelo mundo pintando, ensinando, advogando, abrindo empresas e executando projetos sociais com ideias muito piores do que a sua – muitas vezes até enriquecendo através da própria mediocridade! É porque um gênio como você não precisa disso. Seu talento é tão magnífico, que dinheiro é secundário. Os medíocres sim: porque estão matando cachorro a grito, fazem um trabalho de qualidade muito inferior à sua. Já o seu alto talento deve ser guardado para o grande momento de revelação.

Não é qualquer um que pode reconhecer o seu virtuosismo: o mundo ordinário ainda não é capaz de compreendê-lo. Certamente a posteridade lhe trará a devida distinção. Até lá, a lâmpada já terá brilhado com a publicação de sua obra-prima, com a fundação de sua empresa milionária, com a salvação da humanidade através de seus atos inspiradores. Se não até o fim de sua vida, certamente depois dela a humanidade conhecerá seu valor. Se não até lá, é porque os homens não o mereciam mesmo. Afinal, sua sabedoria é tão magnânima que não necessita de prestígio algum.

O gênio, apesar de virtuoso, vive preso na lâmpada mágica. Só um Aladim, alguém que acredite em seus poderes, é capaz de libertá-lo. Em vez de exibir a Aladim todas as suas habilidades sapateando, voando sem asas, nadando e cantando ao mesmo tempo, o gênio da lâmpada apenas lhe concede três desejos. Que gênio fajuto, só faz prometer! Promete a si mesmo uma obra-prima, uma empresa, um projeto social, enquanto aguarda a hora certa, a hora mágica de despontar entre os grandes. E lá permanece, enclausurado na espera de que a sorte venha lhe cortejar.

Gênio é aquele que se liberta ao realizar desejos.

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